EMPRESAS PRECISAM
PROTEGER INFORMAÇÕES NA INTERNET
Para o especialista
em direito digital Victor Haikal, cada vez mais pessoas recorrem à Justiça para
se defenderem de abusos e práticas indevidas nas redes sociais.
Beth Matias
São Paulo - Em um
momento de avanço tecnológico em direção a um futuro cada vez mais virtual,
muitas empresas, principalmente as pequenas, desconhecem uma categoria de
ativos dos mais importantes para o seu negócio: os intangíveis. São marcas,
patentes, softwares, informações sigilosas ou produção intelectual
que podem estar desprotegidos e de fácil acesso para os criminosos digitais. “É
muito difícil proteger este tipo de riqueza”, avalia Victor Haikal, advogado
especialista em direito digital da PPP Advogados.
Segundo Haikal, o Brasil vem
resolvendo as questões digitais com muita lentidão. Ele cita como exemplo uma
decisão do Superior Tribunal de Justiça que levou sete anos para afirmar que o
Google não pode ser responsabilizado por todo o conteúdo publicado no site de
relacionamento Orkut, que pertence à empresa. Apesar da morosidade da Justiça,
cada vez mais pessoas recorrem a ela para se defender de problemas nas redes
sociais. “Se a pessoa for até o fim no processo, muitas vezes a decisão é
favorável a ela”, disse.
Em relação a ataques de criminosos
digitais, segundo Haikal no direito digital tudo pode ser prova: cds,
disquetes, e-mail, sites de relacionamento, fotos, gravações em caixas-postais
de celulares. A grande maioria dos processos na Justiça tem e-mails como
provas. Se as relações de compra e venda estão mudando, as relações com o
direito também evoluíram. As principais características do direito digital são
as relações não presenciais, máquinas como testemunhas e provas eletrônicas.
Por isso, é preciso ficar atento
ao construir um site de e-commerce, participar de uma rede social ou fazer
publicidade no mundo virtual. De acordo com Haikal, 98% dos incidentes na
internet são provocados por usuários incautos. “O desconhecimento da lei é
imperdoável”, afirmou. “Crescem os problemas de direitos autorais. Nas redes
sociais, tenham cuidado com comentários e piadas de mau gosto. Elas podem levar
a um processo”, completou.
Outro ponto importante, diz o
advogado, é conhecer a política de privacidade e as normas de utilização do
site. “Ao aceitar a política sem ler, o usuário dá um cheque em branco para que
o site ou a rede social faça o que achar melhor com as
informações ali colocadas. Por isso, é importante saber como as suas
informações serão tratadas”, diz Haikal.
Sopa
O especialista em direito digital
diz que “a falta de regras claras no mundo todo e, em especial no Brasil, para
a utilização das informações que estão na internet leva a um caos”. Ele defende
que devem ser elaboradas novas maneiras, menos restritivas, de controlar os
direitos autorais de conteúdos. Tramitam no Congresso americano dois projetos
de lei, o Stop Online Piracy Act (Pare com a Pirataria On-line, em tradução
livre), conhecido como Sopa, e Protect IP Act (Ato para Proteção da Propriedade
Intelectual), chamado de Pipa, para tentar combater a pirataria na internet. Os
projetos vêm provocando manifestações das empresas de tecnologia. A favor,
estão empresas tradicionais de entretenimento, como as emissoras de televisão,
gravadoras de músicas, estúdios de cinema e editoras de livros.
Para Haikal, o Sopa penalizará
não apenas o usuário, mas também sites de busca, provedores de
conteúdo, meios de pagamento on line, entre outros. “Se o site descumprir
a lei pode ser penalizado, mas o foco dos projetos está em empresas que ganham
dinheiro com a pirataria, como as que vendem remédios falsificados pela
internet”, diz. Apesar disso, ele defende que empresas da “velha economia
sentem-se à mesa de discussão com a nova economia e que a Organização das
Nações Unidas (ONU) seja mediadora dos conflitos”.
Agência Sebrae de Notícias